Onde está a
legítima musica brasileira, com seus acordes e notas mirabolantes (muitas
inventadas pelos próprios brasileiros) ? Atualmente é fácil a percepção de que
a música nacional e também mundial se tornou fama, dinheiro e principalmente
precária. Não se fazem mais letras e poemas como antigamente, onde o cotidiano
era levado em consideração, mas sim escrevem basicamente sobre o amor – um amor
cego – e sexualidade. Literalmente uma precariedade.
Considerando
a nação em que vivemos, existem dois ramos de musicas mais ouvidas: Secular e
Gospel. Primeiramente, vamos abordar a musica secular brasileira a seguir.
Nos
primórdios, a musica secular brasileira era erudita por ter muita influência
dos colonizadores portugueses até o século XIX, porém já no século XX houve
mudanças consideráveis que propiciaram a fusão de ritmos e elementos de vários
países da Europa, África e América Latina, resultando assim a época de
vanguarda, na qual foi inventada a Bossa Nova e a MPB (Na ditadura militar
esses ritmos se intensificaram). Posteriormente, no meio do século, o sertanejo
com seus violões de 10 cordas abrem suas portas para contar o cotidiano nas
fazendas por onde passavam e viviam. Um pouco mais adiante, em meados da década
de 80, o rock nacional se faz com mais força com suas letras desafiadoras
cravando confrontos entre a sociedade e o governo. Todavia no fim da década de
90 e no começo dos anos 2000 as músicas que contavam o dia-a-dia das pessoas
começam a perder forças e inicia-se o período de sertanejos universitários, funks,
forrós e bregas, nos quais resistem nesses dias e são redigidos assuntos
relacionados ao amor cego – não mencionado na Bíblia – e cantado letras sobre
sexualidade.
A História
da musica gospel no Brasil nos conta que no início do século XX (quando foi permitido
a liberdade de culto) eram cantadas canções somente nas igrejas e eram seguidos
hinários enumerados liturgicamente. Ao passar do tempo, em meados dos anos 60, grupos
de louvor começaram a gravar discos com canções compostas por eles mesmos que
provocaram diversas reações nas pessoas, pois nunca havia sido composta alguma
musica para louvar ao Senhor que não fosse dentro da igreja. Na década de 80
surgem as carreiras solos da musica gospel brasileira; a princípio com letras
escritas em adoração e sobre o cotidiano com Deus. Porém, igualmente no fim dos
anos 90 e no inicio do século XXI, o gospel se popularizou e atualmente é
cercado de glamour, fama e alguns consideram que se tornou “modinha” na
sociedade.
A
precariedade da musica no nosso país, está em um estado alarmante. A geração do
fast food ouvem as composições atuais
– canções como “Ai se eu te pego”, os bondes da vida e recentemente “Lepo Lepo”
– normalmente como se ser individual e sexual fosse algo de praxe. A reação
provocada em quem ouve tais produções é a mesma dos assuntos relacionados ao
tema, ou seja, ouvintes do mesmo ou vão se isolar ou praticar o ato sexual (o amor
cego) com mais frequência e após o ocorrido, sentir-se enormemente frustrado considerando simplesmente normal.
Particularmente,
o meu gosto musical vai além das fronteiras. A música folclórica sempre fez e
sempre fará parte da minha vida. Ouço com frequência composições de países
andinos com seus instrumentos milenares e poemas sobre a vida e a natureza,
gosto de apreciar um bom MPB e uma Bossa Nova expondo o cotidiano do ator,
estimo o pop rock inglês dos anos 80 por ser produções críticas de diversos
assuntos e por fim tenho muito prazer em escutar a musica gospel antiga que
traduz a perfeita adoração ao Criador.
Hoje, a
musica brasileira vive o seu funeral, não há letras o suficiente para nos
proporcionar um pensamento crítico. A maioria, senão todas, das composições
atuais nos trás a percepção de individualidade e sexualidade como se o mundo
girasse em torno disso. Os músicos e os compositores (se é que hoje existem)
devem se conscientizar de criar poemas para provocar reações nas pessoas e não
inventar todos esses lixos musicais, literalmente. Será que precisamos reviver
a ditadura militar para provocar criações de musicas inteligentes? Será que
nunca vai mudar? Será que sempre vai piorar? Será que existem pessoas que
pensam de maneira semelhante a esse artigo? Será que existem pessoas que querem
mudar o mundo usando o bem (ou a musica)? E como diria Renato Russo, será que
vamos conseguir vencer?